Quem és tu? - pergunta a Lagarta, embora convide o corpo a encostar-se no silêncio em forma de cogumelo, enquanto desenha palavras de fumo. Tal como apenas nos conseguimos ver mediatizados no espelho, em fotografias, através do outro, também só nos conseguimos descrever como ficção. Pensamos em nós próprios como se fossemos outros: acariciamo-nos na pele de papel das fotografias, avistamo-nos no fantasma do espelho, vestimos o nosso corpo com palavras. Saímos para fora de nós. Precisamos de acreditar que somos uma ficção, como se a nossa vida não chegasse ou não coubéssemos nela. Temos uma história que contamos a nós próprios, simultaneamente narradores e ouvintes. Alguém me pode dizer quem sou eu?