quinta-feira, 8 de outubro de 2009

The Hungry Eye # 25

Quando olhamos para a fotografia de alguém que já morreu (mesmo sabendo que todos os seres fotografados, sem excepção, pagam com a morte o preço da imortalidade nesse preciso instante em que o fotógrafo dispara, não a bala de uma arma, mas o botão de uma máquina de fotografar) é como se no momento da fotografia, às vezes tirada décadas antes, já estivessem mortos. Como se eles já estivessem mortos mesmo sem o saber. Como se nós já não os conseguíssemos imaginar vivos em nenhuma idade, depois de os sabermos mortos. Ver uma fotografia de um ser morto é como ler um livro detrás para a frente. A última página explica e justifica tudo o resto, sobrepondo-se a todas as outras em verdade. Apesar de, numa fotografia, sermos sempre a ficção de alguém.