Ainda não me esqueci da senha. Abro a porta devagar, quase a medo, aquele medo informe que até a imaginação se recusa a preencher. Passo os dedos ao de leve pelo teclado da Hermes Baby e dou passos cuidadosos, não vá pisar alguma fotografia ou ilustração que tenha esvoaçado. Pelo caminho tropeço num asterisco que está fora do sítio, como um sapato esquecido. Devia ter acendido a luz, mas tenho esta mania de andar às escuras pelo corredor, a imitar os gatos. Tiro uma teia de aranha dos tags, desejando que a aranha já tenha encontrado outro canto na casa. Olho pela janela enquanto tento adivinhar quem terá regado as palavras durante a minha ausência.