segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

The Hungry Eye # 28

Há fotografias que nos fazem perguntas, sem contudo conseguirem tirar-nos as respostas. Quando é que inventam uma posição nos botões da máquina para fotografar almas, semelhante à que existe para os rostos e para as paisagens? A pele do ombro tem mais nudez do que a pele da mão? A camisola esconde um bolso onde guardar os olhos? A que distância mínima podemos estar de outro corpo sem o ver desfocado? O olhar banaliza a nudez? Quando abrir os olhos, já terás escolhido o fio de luz com que me queres tocar? Uma velha crença infantil invade-me: se tapar os olhos, não me vêem. E se não me vêem, como poderiam tirar-me uma fotografia ou dar-me uma pergunta? As mãos só acreditam no invisível de vez em quando.