O Facebook parece uma caderneta de 5 mil cromos. Só que, em vez de ser com equipas de futebol ou personagens dos desenhos animados, é com rostos reais (serão?). Também por isso, demora muito mais tempo a completar e os cromos difíceis não se podem obter por troca. No mundo inteiro, não há duas colecções completas rigorosamente iguais. A qualidade da colecção (ter mais cromos difíceis, logo raros, do que outra) não interfere na contabilidade final. São sempre 5 mil faces (leia-se cromos) que é preciso juntar, sejam quais forem as caras, os nomes, o nível de conhecimento ou a amizade real. No entanto, há colecções que valem muito mais do que outras, a julgar pela sonoridade e visual dos nomes que a compõem. Há muitos nomes conhecidos (escritores, actores, jornalistas, artistas plásticos) que aceitam quase qualquer um para seu facebook friend. O que acontece é que depois, de tanto se banalizarem, deixam de o fazer pois estão perto de completar a sua própria colecção. E aí, tornam-se mais raros do que nunca. A única solução (não sei se na vida virtual, à semelhança do que acontece na real, podemos eliminar os amigos e cortá-los da nossa lista das amizades, reduzindo assim o seu número) é começar uma nova caderneta. Mas o que confere raridade a um cromo pode nem sequer ser a popularidade da figura em questão. Há também figuras anónimas que não concedem o carimbo desta amizade virtual sem mais nem menos e, apesar de não serem cromos importantes, tornam-se difíceis. Sobretudo, para quem não goste de ficar com um pedido sem resposta. Ainda não percebi se uma pessoa pode ser facebook friend de si própria, embora a vida aconselhe sabiamente: sê o teu melhor amigo.