O fotógrafo é um grande voyeur. Ponto final. Deve ser por isso que espreita o mundo, o outro, as paisagens e os rostos com um olho fechado, como se espreitasse o buraco de uma fechadura. E para não ver pela metade, pede um olho mecânico emprestado, ao qual não pára de exigir que veja cada vez melhor. É um voyeur do mundo e de si próprio, do visível e do invisível. Quer ver melhor, para ver mais e até ver aquilo que apenas imagina. Quer ver o nunca visto. E leva o seu voyeurismo ao paroxismo de querer fotografar o que não vê.